NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL NO TERREIRO

Mais humildade, meu irmão. Se você acredita que o terreiro não é capaz de sobreviver sem sua presença, está muito enganado. Ali, ninguém é indispensável. Até mesmo os Pais-de-Santos, eventualmente, podem mudar.
Em vez de ficar reclamando, criticando, e ameaçando sair da casa, procure ser útil. A espiritualidade te colocou nela por um bom motivo. Todos podem contribuir, e também todos podem aprender qualquer tarefa.
Se houver necessidade, o sagrado saberá encaminhar a pessoa certa para o terreiro. E da mesma forma, quando alguém está desarmonizando a casa, se este não ouvir os bons conselhos , uma hora vai embora.
A entrada e saída de pessoas de uma casa é um processo natural. Sempre acontecerá. No entanto, infelizmente, muitos não sabem desligar-se de forma tranquila e respeitosa. Não basta se afastarem, querem levar o máximo consigo e deixar o terreiro em uma situação complicada.
Isto revela desonestidade e mau caráter. Esquecem-se de que o objetivo maior dali é a prática do culto aos Orixás e a evolução espiritual de cada um. O terreiro é sagrado. Se a pessoa vai parar em outra casa ou abrir a sua própria, o antigo local não torna-se seu concorrente, mas um companheiro e colaborador na obra do bem. Acima de tudo, somos todos filhos do Sagrado.

“O escândalo é necessário, mas ai daquele que escandalizar". Se está insatisfeito na casa que pertence, converse com o dirigente. Se optar pela saída do terreiro, agradeça e respeite. Não fale mal, não esqueça de todas as graças que você conquistou neste local.
Não queira, também, que o terreiro dependa de você. Se houver ali alguma atividade que somente você saiba realizar, ensine aos mais novos. Isto também é forma de honrar os ancestrais. Da mesma forma que você aprendeu, outros também podem e os conhecimentos da religião se prolonga no tempo. Porém, caso você se recuse a passar o saber adiante, tenha certeza que a espiritualidade encontrará uma maneira de preparar os próximos.
Não estamos dizendo que você não possui nenhum valor no terreiro. Para a espiritualidade, todos são importante e podem contribuir no seu trabalho. O egoísmo, no entanto, tornou-se estrutural. Muitos sentem, no íntimo do seus corações, que para receberem alguma estima, outros precisam receber menos. É a constante necessidade de diferenciar-se, de ter privilégios, de tratamento especial.
Para mudarmos isso, é preciso reeducar as emoções. Fazê-las compreender o poder da colaboração. Quando um cresce, todos evoluem com ele. Se alguém cai, o restante sustenta e coloca-o de pé. Esta é a força da religião.
Não somos mais do que um elo nesta longa rede que une encarnados e desencarnados. Quando estamos firmes em torno de um objetivo maior, tornamo-nos capazes de transformar vidas, curar pessoas, abrir caminhos, libertar almas e avançarmos juntos !
Texto tirado da página de Andre Ricardo

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